sábado, 5 de março de 2011

Os humanos: Querem o quê?

Desde a Revolução francesa, talvez o maior evento revolucionário possa ser verificado agora, nos países ao norte do continente africano. Talvez possa se estender essa revolução ao Oriente médio, se os invasores Estadunidenses permitissem que cada nação se insurgisse contra o ditador local a medida que os atos destes se tornassem intoleráveis ou simplesmente à medida que o povo abrisse seus olhos para uma outra realidade. Mas seria esta (realidade) menos morta? Seria possível a convivência pacífica entre os conceitos islâmicos (predominante nessas regiões) e o capitalismo, sistema endógeno da democracia?
Nas primeiras semanas que sucederam a queda das torres gêmeas (11/09/2001), foram divulgados alguns vídeos que continham declarações do Osama Bin Laden, o mentor do ataque. Entre essas declarações o fato mais assustador não foi perceber  sua embriaguez pelo restabelecimento de uma ordem (?). O mais assustador não foi perceber sua tenacidade na destruição do capitalismo. O que assustou de fato foi perceber que Osama Bin Laden, como a maioria dos terroristas, tem certeza de estar lutando pelo que é certo, pelos motivos certos e, em momento algum duvida que está fazendo tudo que é possível para atingir seu objetivo: O banimento de uma ordem demoníaca que visa dominar o mundo disseminando valores promíscuos e portanto contrários à vontade de seu deus.
Para os ávidos leitores de bíblias, o susto pode ter sido maior ainda, ao perceberem que esses discursos (os de Osama) são muito próximos do que pregavam e da forma como agiam grandes patriarcas guerreiros do monoteísmo. Samuel e Davi dizimaram muitas nações naquilo que eles acreditavam ser "a vontade do Deus de Abraão". Existia democracia durante o reinado desse senhores?
Para responder a essa pergunta, basta que se lance um simples olhar ao "moderno" governo do Vaticano. Um simples olhar ao funcionamento da Santa Sé e percebe-se que não. Democracia não pode conviver com a idéia de um único Deus comandando os destinos de toda uma nação.

Entretanto a verdadeira revolução. Talvez a maior revolução da vida humana que está para ser e deve ser feita, não acontecerá lá no Oriente médio, nem ao norte da África. Tampouco virá do Vaticano. A verdadeira revolução virá desse “monstro” que chamam de globalização e seu formato includente à medida que disponiviliza a informação de forma quase imediata. E já é corrente o pensamento que informação é poder. Virá quando o ser humano de posse dessa informação (poder?) entender que acordos de paz, declarações de igualdade e qualquer instrumento diplomático que se possa assinar ou conceber  não surtirá o efeito desejado por um simples motivo: Eles atentam contra seu objeto de tutela. Acordar a paz ou declarar igualdade só gera mais animosidade e põe as diferenças em um abismo sem fim. O melhor caminho para a paz é respeitar o direito que o outro tem de lutar pelos seus direitos e, esses direitos, incluem o direito de ser diferente. O direito de ser cristão ou muçulmano. O direito de viver no comunismo ou migrar para o capitalismo. O direito de viver em uma democracia ou não. O direito de ser governado por um presidente ou por um monarca divino. Enfim, é preciso respeitar as diferenças e não eliminá-las porque na maioria das vezes que se tenta fazer isso, também se elimina o diferente. Mas como fazer nascer o respeito onde só há estranheza, o medo e o desprezo? Como não estranhar, temer ou desprezar aquilo que não se conhece? Como conhecer algo sem contaminá-lo nesse contato?
É preciso para para pensar o outro e mais: Parar para saber se o outro deve mesmo ser conhecido e "globalizado" ou até mesmo se essa inclusão em escala global de fato não está minando as chances de sobrevivência da humanidade.